segunda-feira, dezembro 25

CriAnÇa teM caDa Uma

Ontem em almoço com familiares, minha mãe relembrava a vez que o neto prendera a cabeça entre um cano de orelhão e a parede. Nem ele nem ela lembraram que idade ele tinha, mas ela lembrava como torceu e torceu a cabeça dele para sair daquele sufoco – literal pode se dizer! – e que já estava pensando em chamar o bombeiro para serrar o cano.

Nas festas natalinas do ano passado, a filha de uma amiga de uma amiga, sentou-se no colo de Papai Noel lá no Midway e pediu uma bicicleta. O Papai Noel, sem saber das intenções da mãe – principalmente suas condições financeiras – disse para a garota de três anos que talvez ela não ganhasse o que estava pedindo, porque ele tinha muitos pedidos para atender, mas que ela não ficasse triste. Ela ganharia algo, mas ele não tinha certeza que seria uma bicicleta. A garota ouviu, não disse nada, levantou-se e caminhou em direção à mãe. A uma boa distância do Papai Noel virou-se e mandou:
- Papai Noel, se você não mandar minha bicicleta, você tá fudido!!!

Uma amiga me conta que quando criança, ela e o primo descobriram que na barriga poderia nascer um pé de feijão. Ela fez o primo comer caroço de feijão cru, dava-lhe muita água e mandava que ele ficasse deitado ao sol para que o feijão crescesse.

Quando eu era criança, minha mãe costurava e eu ficava sempre arrodeando – mais mexendo do que querendo aprender, pois até hoje sou um zero em serviços manuais. Numa dessas vezes, coloquei o dedo na hora que a agulha baixou. Meu dedo ficou preso, sujou o bordado. Minha mãe, que nunca foi de ficar apavorada com travessura de criança, moveu a roda da máquina, tirou meu dedo e ficou braba danada. Pela sujeira no bordado!

domingo, dezembro 24

Na rede de um pescador

O primeiro livro que comprei foi As Sandálias do Pescador do Morris West. Não lembro em que ano foi; acho que por volta dos meus 13 anos (o ano continuo não lembrando!). O livro foi comprado em um sebo, não como vemos hoje, quase uma livraria, mas no meio da calçada, livros dentro de caixotes de madeira, espalhados nos batentes da entrada do cinema São José, rua transversal a que eu morava.
O livro me fascinou duplamente: eu estava usando dinheiro para isso, até então era só livro de biblioteca de escola ou de colegas, e pela primeira vez eu lia algo que desfazia a idéia de santidade que envolvia a Igreja Católica, mesmo que dela não fizesse parte. Ainda pelo fato de que à época habitante de país comunista não era considerado flor que se cheire, muito menos que pudesse chegar a ser Papa. Como podia um comunista – morava lá, tinha que ser! – que renegava Deus ser Papa? (Depois Karol Jósef Wojtyla mostrou que a vida imita a arte!)
Aquela idade, inocência para quase tudo (naquele tempo não havia tantas informações circulando como hoje), não me permitia ver as entrelinhas da História contada pelos professores. Mesmo que pela mesma época, escutasse comentários que nosso vizinho era comunista e por isso vivia longe de casa, escondendo-se. Aliás, vizinhos de ambos os lados: minha casa ficava no centro: à direita, a casa da minha avó e conjugada a esta uma família, cujo chefe era comunista (nem lembro que profissão ele tinha!); à esquerda, a casa da minha tia e pegada a ela, outro comunista (esse, protético, dentista na necessidade!).
Desse livro para cá já se passaram muitas letras. Sobre comunistas aprendi um bocado de coisa, como também da Igreja. O suficiente para desacreditar que aqueles comem criancinha e são o diabo e descobrir que nesta há muito mais política na hora de uma escolha papal do que fé e predestinação.
O que ficou foi a mania de ler livros a mancheias, lembrando-me que quando diante de Deus me mostrar teremos um livro nas mãos (Ele e eu!). O Dele não sei qual será, mas deverá ser bastante grosso com letrinhas pequeninas; o meu, possivelmente Cem Anos de Solidão para ler infinitamente.

terça-feira, dezembro 19

No caminho com JOÃO CABRAL

POEMA
"Meus olhos têm telescópios
espiando a rua,
espiando minha alma
longe de mim mil metros."

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POEMA DESERTO
"Todas as trasnformações
todos os imprevistos
se davam sem o meu consentimento."
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A VIAGEM
"Quem é alguém que caminha
toda a manhã com tristeza
dentro de minhas roupas, perdido
além do sonho e da rua?"

domingo, dezembro 17

CRIsto e CRIanças amarELAS

Trechos do livro O Assassinato de Cristo escrito por Wilhelm Reich e publicado em 1953 (p. 9, 2ª ed. brasileira, julho/1983, Martins fontes):
***"Numa reunião de educadores orgonômicos que houve há alguns anos, foi dito que a educação continuará sendo um problema por alguns séculos ainda. É mais do que provável que as próximas gerações das Crianças do Futuro não serão capazes de resistir aos múltiplos impactos da peste emocional. Elas certamente teriam que se submeter; não sabemos exatamente como. Mas há esperança de que pouco a pouco uma consciência geral da Vida se desenvolva nesse novo tipo de crianças, difundindo-se por toda a comunidade humana. O educador que considera a educação como um negócio rendoso, nunca se interessaria pela educação se acreditasse nisso. Devemos ter cuidado com essa espécie de educadores."
O que estaria dizendo hoje Mr. Reich, passados 53 anos de sua obra, quando ele já apregoava que "o grande problema da Vida e da origem da Vida é um problema psiquiátrico; é um problema da estrutura do caráter do Homem,..." (p.5) se presenciasse que a esperança vive fase terminal nas unidades de terapia intensiva espalhadas em todas as escolas?
A educação se transformou num negócio rendoso para muitos. E não é somente uma renda tributária, contada em notas novinhas daqueles que criam organizações lucrativas. A educação é um negócio rendoso na prática político-administrativa que se expandiu num sistema que a cada dia é mais desacreditado por todos. Pode dá votos quando se atrela miséria à promessa de favorecer uma melhor educação; pode dar prestígio quando se discursa em defesa da valorização do magistério; pode dar vitrine nas obras tão grandiosamente inauguradas!
Os resultados pífios conseguidos na área educacional comparando-se nossa prática com a de outros países são vergonhosamente vergonhosos - em que pese à redundância! E, mesmo que a ponta mais visível do processo seja o professor - tão crucificado por muitos! - há muitas figuras e circunstâncias fazendo o circo pegar fogo.
Há uma peste emocional vitimando de forma endêmica nossas crianças. Muitas são deixadas nas escolas para que lá consigam uma formação que muitas vezes não conseguem em seus próprios lares. A estrutura familiar padrão se perdeu em meio a uma crise sócio-econômica que obriga todos a trabalhar e, cansados à noite, são poucos os que se dão à tarefa paciente, cuidadosa e amorosa de ouvir seus filhos. Em meio a tantas ofertas de consumo, exigência dos filhos até já denominada de a tirania dos baixinhos, muitos estão valorizando o ter em detrimento do ser, acreditando que formar aquele filho é dar o que ele pede para não ser diferente dos demais colegas.
Daqui a uns tantos 10 anos, por exemplo, como estarão nossos alunos que não conhecem limites? Onde estarão as garotas que chamam todo colega de gostoso e fazem fila para serem beijadas? Onde estarão os que saem de casa todos os dias para ir à aula e ficam vagando nas praças? Onde estarão as adolescentes que mandam bilhetes para os professores convidando-lhes para uma festa do cabide, do sinal, da cebola - sei lá!!!! Onde estarão os pais que não sabem como agir com seus filhos? O que eles receberão depois de tantas noites insones, depois de tanto presentes comprados à prestação para que o filho não se frustrasse, depois de concluírem que criança não precisa de limites, pois a vida lhe ensinará?
Gostaria de crer que a vida lhes ensinará tudo de bom!
Leis existem - e devem existir! - para proteger as crianças e jovens. Mas, onde estão as que protegem o educador que acredita que nenhuma metodologia pode prescindir de um tantão de carinho assim e um tantão de limites assado? Abraçar, cuidar, ouvir um aluno, comunicar aos pais suas ausências da escola, do seu comportamento sem limite, afrontando colegas e professores já foi até conceituado como omissão dos dirigentes escolares, que podem ser enquadrados, por que acreditaram que a escola tem como princípio básico cuidar dessas questões. Já se aconselha que ao ouvir um aluno não se faça sem que outro adulto esteja presente.
E eu que gostava tanto de abraçar meu aluno, que sentava com ele no banco para jogar conversa fora, que emprestava meu celular para que ele pudesse falar com a mãe, que deixava a minha bolsa na sala sem chave!
Adiós, que perdi minha esperança. Adiós, que arrancaram minha crença. Porém, "a vida é plástica; ela se adapta - com ou sem protestos, com ou sem deformações, com ou sem revoltas - a todas as condições da existência" (REICH, obra citada, p. 11).
Só um lembrete: minha família é pequena, apenas dois irmãos. Não levamos surras de nos marcar o corpo, tampouco a alma, deixando-nos frustrados, íamos à escola –e ai de nós se não fizéssemos as lições e ficássemos em segunda época – nunca estudamos em escolas particulares e raramente compramos livros escolares, usávamos os da biblioteca pública. Estudamos e hoje somos bons profissionais em nossas respectivas áreas. Temos experimentado sal e engolido sapo.
Mas, isso é outra estória. O tempo era outro, tinha outro nome. O tempo hoje se chama desorientação. E no falar drummondiano "as mãos tecem apenas o rude trabalho. / E o coração está seco".
(Imagem: O Cristo Amarelo - Paul Gauguin, pintor impressionista. Museu Buffalo).

sábado, dezembro 16

O sal do meu rosto

"E eu que não quero mais
ser um vencedor
levo a vida devagar
só para não faltar amor..."
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"É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim!
E ao senhor de iludir
Manda avisar, que esse daqui

Tem muito mais amor pra dar". (Vencedor; É de lágrima - Los Hermanos)
********************
Não sei se ainda há amor para dar aos que vez por outra cravam um punhal ferozmente na minha jugular, esperando-me sagrar até morrer qual carneiro numa imolação sagrada;
Não sei se ainda há paciência para caminhar nesse caminho há tempos escolhido, sabendo-me das dificuldades, do dinheiro minguado, mas com um ideal a cumprir na perseguição de um sonho utópico;
Não sei o quanto ainda há de mim naquilo que hoje realizo depois de tantos furtivos roubos, das ameaças sutis às minhas crenças, àquilo que realizo arduamente todos os dias.
Ainda choro e vou chorar ainda, mesmo passada a dor inicial. Ficará a lembrança da omissão dos que se calaram, ficará o ruído insensato dos que apoiaram o erro por medo, ficará a martelada contínua dos que mentiram.
Mas, também ficará o conforto dos que impotentes souberam me abraçar, ficará a solidariedade dos que indignados quiseram erguer vozes e mãos ao meu lado.
Ficará minha alma por inteira. Porque, ainda assim, sou jatobá, corpo que se dobra, mas não se quebra, porque o dia se constrói a cada dia.
(Escrevo ao som de Vangelis tocando To the unknown man. Possivelmente um tema descrevendo o quanto o homem é o lobo do homem).

domingo, dezembro 10

CONjugaSÓS

Eu te conheço
tu me conheces
nós nos desconhecemos.
Eu te amo
tu me amas
nós nos sufocamos.
Eu te confio
tu me confias
nós nos duvidamos.
Eu te prometo
tu me prometes
nós nos esquecemos.
(Imagem: Eros e Psiquê - Edward Munch. Galeria Mun. de Arte - Oslo)

sábado, dezembro 9

Where's Monaliza's smile?

Mesmo antes, muito antes, do boom Dan Brown e seu código Da Vinci – dos quais ninguém agüenta mais falar/ouvir – já havia uma polêmica sobre quem seria a mulher de tão enigmático sorriso pincelada pelo Da Vinci, chegando mesmo a se especular que não foi o Leonardo que pintou o famoso quadro (quem sabe foi o Donatello, ou o Rafael, ou o Michelangelo, as tartarugas ninjas!).
Depois de todas essas letrinhas aí acima, vocês podem pensar que me atreverei a escrever sobre pintura renascentista. Não. Quero me referir a outra Mona Lisa. Uma mocinha de 20 anos, cuja grafia do nome era Monaliza.
Monaliza era igual a uma danação de jovens que todos os dias sai para trabalhar, estuda, gosta de baladas, passeia pela internet e curte o sol maluco de Ponta Negra. Também como um bocado de moças, ela tinha um namorado. E aí começava o problema de Monaliza.
O namorado tinha aquilo que hoje os psiquiatras e psicanalistas denominam de "síndrome de Otelo", referência ao personagem Otelo da tragédia shakespeareana, cujo ciúme doentio faz com que ele, desconfiando de traição, mate a mulher, e depois crave o punhal no próprio peito. O monstro de olhos verdes não perdoa. Nele se conjugam valores morais, traços culturais, desvios de personalidade, frustração e o diabo a quatro! No final apenas uma única coisa: há pessoas que reagem mal, muito mal à rejeição!
Psicanálise à parte, o número de mulheres vítimas de crimes passionais é assustador. Há homens aí matando as ex por se acreditarem donos do corpo e da alma daquela que um dia ele considerou sua propriedade. As delegacias estão repletas de boletins de ocorrência, mulheres à procura de proteção. Como as autoridades podem proteger alguém de uma pessoa insana que no meio da rua saca uma arma e "bang, bang, you're dead"?? Muitas dessas mulheres vivem com medo, às escondidas numa casa mantida pela polícia. Perderam a liberdade, deixaram filhos porque um camarada autenticou um registro de senhor absoluto. Muitas, muito mais do que as refugiadas nas casas, estão mortas. Tristemente mortas porque toparam com o amor errado.
Ciúme pode ser lindo no romantismo de Roberto Carlos ("se você demora mais um pouco, eu fico louco..."), no rock do Ultraje a Rigor ("mas, eu me mordo de ciúme") e na erudição de Chico Buarque ("já lhe dei meu corpo, não me servia/ já estanquei meu sangue, quando fervia...") na peça Gota d'água baseada na tragédia grega Medéia (Eurípides) que envenena os filhos e se mata por perder o amor de Jasão. Aqui uma faceta do mesmo problema: mulher ciumenta, obsessiva, mata filhos, mata rival, mata-se até, mas nem sempre mata o objeto do amor, mantendo uma louca esperança de que este lhe pertencerá cessados os obstáculos.
Na vida real, ciúme é f... com ph e tudo!

terça-feira, dezembro 5

EnTrELiNHaS


"Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão." (Cecília Miereles)
Por este conto de letras tanto
eu te faço em pontoa findar-se dentro de mim
a escoar-me pelas mãos.
E reboam na natureza
tanto/quanto a mim intrínseca
os trovões da dor de tanta linha
que fazem círculos em mim
e não me deixam
ser um ponto de amplo bordado em ti.

Espirro cafeínado

O inusitado acontece a todos. Se houvesse uma câmera na hora, precisamente sexta-feira, na praça de alimentação do Midway, agora eu estaria pateticamente conhecida e uma amiga estaria com novo modelo de blusa para todo o Brasil (segundo ela mesma, num exemplo de bom humor, uma blusa com bordados de Caicó!).
Avessas ao carnatal, éramos quatro em uma mesa na um pouco menos barulhenta praça de alimentação do shopping, em final de expediente, devido que a cidade inteira – ou quase – mobilizava-se em torno de o Chiclete com Banana, Trios & Cia – que Deus nos proteja de tamanha sandice! Depois de alguns Sushi e Sashimi, duas bebiam cerveja, uma comia torta de limão, e eu resolvi tomar um cappuccino.
Conversa vai e vem, a conversar girou para as excentricidades de uma de nós que não viaja porque tem medo, podendo até desmaiar durante o percurso. A sugestão foi que não haveria problema em desmaiar, pois quando chegasse ao destino, já estaria lá mesmo, ou então, provocássemos um desmaio e levássemo-na já desmaiada.
O riso foi inevitável. O erro foi eu me esquecer que estava com a xícara à boca, e esta cheia de café. Não posso chamar aquilo de espirro, foi mais um míssil de café tendo como alvo a colega que estava sentada à frente. O café espalhou-se pela roupa da amiga, passou para o chão, sujou toda a mesa, respingou em quem estava nas laterais. Um desastre cafeíno!
O pior: quanto mais eu via o estrago, mais eu ria! Só depois, consegui me controlar e pedir desculpas (mas, que foi engraçado, foi).
A próposito: por pura coincidência, encontrei uma imagem que tem o nome de uma das amigas! Querida, desculpa, aí, visse?!


segunda-feira, dezembro 4

Memorium



Em uma matéria lida há dias soube de um americano de 54 anos, cuja capacidade de memorização é absurdamente fantástica, o que faz com que ele tenha 9 mil obras "armazenadas" na cabeça. Vale dizer que o desenvolvimento afetivo desse homem é limitado, portador que é da "síndrome de savant", tipo de autismo em alto grau. A maioria das coisas é memorizada, mas não compreendida.
Fiquei pensando se uma capacidade dessa é boa ou má. Será bom lembrar de tantos fatos? Carregar consigo todas as lembranças, mesmo que aparentemente seja cultura inútil, fatos desprovidos de emoções?
Em uma outra ocasião li a opinião de um médico sobre a doença de Alzheimer. Para ele a doença era uma bênção, pois na velhice é necessário apagar lembranças desagradáveis, as tantas dores que vivenciamos e lembrar apenas aquilo que nos foi grato, agradável.
Não sei. Há lembranças em mim que faço questão de manter comigo e espero que velhice nenhuma consiga apagá-las, mesmo que elas me causem dor, saudades, quem sabe até ressentimentos, frustrações. O triste nesses casos é que nem sempre o lembrar é lembrado por quem lembra de tão desconexas que são as lembranças, a vida que foi vivida.
Não são apenas os tremores das mãos que marcam a velhice. Vejo a minha mãe e suas mãos tremem pouco comparadas com a mágica transversa de sua memória que passeia pela sua meninice, juventude, mas, traiçoeiramente, esquece que no dia anterior seu neto esteve lá e com ela almoçou o mesmo feijão preparado há anos e anos.
E entre tremores de mãos e tremores de ansiedade que me assaltam, retorno à idéia anterior e já não sei se quero lembrar ou simplesmente viver juntando tijolos espalhados na ordem que meu cérebro aprouver.

domingo, dezembro 3

RISCO


Quando houver futuro
se eu for uma lembrança
pega-me em tuas mãos
- da maneira mais querida
rasga-me em pedacinhos
e solta-me ao vento
e serei uma saudade
apagada no tempo.
Mas, se em teu coração
soprar algum eco
-da maneira mais antiga
refaz o teu viver
tal fênix renascida
não te angusties
nem chores
- houve sempre o risco
de nos perdermos