sábado, janeiro 29

Música


Concentramo-nos tanto no trabalho que muitas vezes não sabemos apreciar o belo. O som da música que ameniza o cansaço, que compartilha. Um ouvindo, outro cantarolando baixinho, comentando uma época, lembrando um amor, uma vida.
Gostos são diferentes e é na diferença que crescemos. Nem sempre é fácil, mas hoje e sempre necessário se quisermos nos livrar da solidão.
Na guerra travada todos os dias qualquer coisa irrita, esmaga o peso sobre os ombros, arrebentando todas as cordas em que se transformaram os nervos. A custo seguramos o grito, a mão, o pontapé - se não físico, o verbal se dispara e alcança o alvo. Aberto ao ir, a volta nos alcança ainda em meio ao grito.
Esquecemos o essencial. Esquecemo-nos de nós mesmos e da compreensão para alcançar o outro tão igual a nós e ao mesmo tempo tão diferente. Esquecemos que o arco-íris é belo pelos seus matizes de cores, não pela igualdade. Desrespeitamos o outro, o gosto, a vida se tornando amarga por se fazer sozinha. Nessa ausência, castigamos a nós mesmos, somos deuses em estátuas de barro.
A música produz um momento mágico entre as pessoas. Através dela há comunhão, empatia. As dores podem ser divididas e suportadas; a beleza e a harmonia podem ser apreciadas em suas verdadeiras essências.
Ouço música para alimentar a alma, da mesma forma que leio para afugentar a dor. E tento. Tento aprender na indiferença, nas diferenças com uma única certeza: somos tão diferentes que nos tornamos iguais.

sábado, janeiro 22

Cinzas

A vida é uma quarta-feira
de cinzas.
Primeiro de abril sem dezenove
agosto sem setembro
sem quatro de julho
ainda menos de outubro.
Dezembro natal não se fez
ano novo pra que ano?
A vida se faz por um fio
paralelepípedo nas avenidas
árvores sem ramos, taquicardia
léxico sem sentido, mergulho na escuridão.
Livros, livros, saxofone
salas escuras de tela plana
folhas de papéis, carimbos
marcas de solidão.
Sem ter para onde fugir
a rota se traça por dentro
sem medo do encontro fatal
ruas densas, curvas sem retorno
inverso afastamento.

sexta-feira, janeiro 14

Citação

"Somos todos viajantes perdidos
com passagens adquiridas a um preço ignorado,
mas certamente muito além de nossas posses.
Este estranho itinerário de cenas -
enigmáticas, inusitadas, irreais - nos enche
de insegurança sobre o que devemos sentir.
Não há viagem após a morte mais
repleta de mistérios
do que a própria vida."
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Lantejoulas trêmulas do destino
flutuam etéreas
à minha volta - mas logo sinto
seu abraço rígido como aço."
(Citado por Dean Koontz em "Os Caminhos Escuros do Coração")

domingo, janeiro 9

Sólo tengo

Yo sólo queria tener
um poco más de mí
olvidar la razón de mi dolor
tener una esperanza más para los pies.
Sólo quería estar
una fe para vivir el más
por lo menos una lágrima a caer
encogió el corazón a olvidar.
Yo quería aprender a vivir
todas las noches sin mí
y cada día sin llorar.
Sólo tengo un alma para sobrevivir
las manos extendidas para llegar.