segunda-feira, janeiro 2

La esperanza



No meu ombro pousou uma esperança. Não a metáforica, que tantas vezes se revela ilusória. Mas, a real, o inseto verde e saltitante, raro nas paragens urbanas.
Em que pese a semelhança com o início do texto
Uma esperança, belamente escrito por Clarice Lispector, é verdade. Em mim, ao acordar na manhã de primeiro de janeiro, no espaço exíguo entre banheiro e quarto, pousou uma esperança, inseto também conhecido como louva-a-Deus.
Não sei de onde a esperança surgiu, embora se estivesse na minha casa seria ainda muito mais espantoso, pois esperança é raro se vê em lugar tão urbano. Entretanto, no interior é normal, embora no quarto a janela existente estivesse fechada, como passara a noite toda e dificilmente teria passado tão despercebida pela cozinha e sala para chegar ao quarto.
Não importa de onde veio. Pousou no ombro e como não sou dada a sustos repentinos, lá ficou um tempo até pular para a cama, desta para o chão onde não mais encontrei. Se possuidora de mimetismo, deve ter se confundido com a madeira da cama, lá ficando à espera de a janela abrir e tomar seu rumo.
Sem ser supersticiosa, e sendo, espero que a aparição me traga sorte, que momentos agradavéis, felizes aconteçam em número maior que as tristezas neste ano que se inicia. Que a esperança, nem sempre um dos meus atributos, por considerá-la um tanto quanto uma espécie de enterrar a cabeça no chão à espera que por si só as coisas se resolvam, possa sustentar minha fé na vida, esta tão combalida pelas dificuldades.
Possivelmente a aparição é resultado de uma grande esperança, apesar de minhas resistências, tornada real em 2011 e que promete para os anos vindouros.
Amém.