Não sei se a Língua Portuguesa está se tornando de verdade “ a última flor ” ou se eu é que sou purista demais. Mas, o que estão fazendo com o idioma “de minha pátria, de minha pátria sem sapatos/ e sem meias pátria minha/ tão pobrinha” – como diria o Vinícius – é uma coisa de louco, ôrra meu! Não vou dizer que todo professor de português fica danado da vida quando ouve e lê os absurdos, porque, infelizmente, alguns colegas derrapam nas coisas mais comuns (o tal de a nível de pega e derruba muita gente). Quem faz da leitura uma dose diária melhor que qualquer lexotan fica paranóico quando presencia atos de verdadeiro vandalismo cometidos na língua. O vandalismo do muro às vezes escreve certo por linhas tortas. Em um muro está escrito em letras garrafais – como não poderia deixar de ser: “o verdadeiro governo assiste ao povo”! E não é que é mesmo! O verdadeiro governo está vendo o que se passa com o povo, mas não está dando a assistência necessária, quer dizer, o governo não assiste o...
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS