Há muito tempo 365 dias passados fechou a porta de sábado e saiu não antes de dizer te amo. O tempo se refez. Há tempos que marcaram 366 dias passados lágrimas pelo fim em domingo medo, insegurança, contrapontos. O tempo se derretia pelas bordas da vida. Há muito tempo 369 dias passados abriu a porta e entrou quarta-feira amor transmudada palavra. O tempo se desfez. Desde então passageiro de qualquer trem descarrilado meio sem rumo trilhos que precisam ir a qualquer estação não antes de falar desilusão. O tempo se congela e aquece na palma da minha mão.
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS