Ainda estamos no mês de maio, mês das noivas, das mães, de Maria. Bem que pode ser o mês das mulheres. Predominante é o Dia das Mães. Tem um dia especial para as mães, embora todas sejam mães - as verdadeiras - em tempo integral pela vida afora. Podemos ser grandes, velhos quanto quisermos, mas a mãe, ainda de cabelos brancos, idosa, senil será sempre mãe. Nunca ouvi falar de Dia de Filha. Será que existe? Acho que não. Também, quase ninguém fala das dificuldades de ser filha. Falo filha porque não vou generalizar para filhos, todas as crias de uma mãe. Tô falando mesmo é de ser filha, mulher. Desde a formação bíblica do mundo que a ideia de mãe é a da figura inigualável, inatingível. Tanto que é o destino de toda mulher que se preza socialmente, ai das que não cumprem esse "doce calvário"! Das dificuldades de ser mãe não é raro se falar: do cuidar quando pequeno, das preocupações com os adolescentes rebeldes, das noites mal dormidas esperando o rebento chegar...
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS