A voz se aquieta em dormente apatia. O silêncio cala a angústia amedronta o amor e nas armadilhas a paixão emudece. O olhar contempla aflito e errante a alma pulsa em compasso desespero. Os pés, esses cambaleiam na incerteza dunas de indiferença e solidão. A palavra faz o caminho inverso afastamento de quem pontua errado um texto já esquecido, de outrora sentido. Teimosa a mão se lança no abraço a cabeça em maresia se eleva tonta de esperança e fé. O tempo irá dizer se insensatez ou comunhão.
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS