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Mostrando postagens de 2009

I dreamed a dream

Hoy yo he tenido un sueño que yo era joven y non tenía miedo. Al igual que todos los sueños no era verdad. Hoy las cosas han cambiado. Hay dolor, las lágrimas y la nostalgia. Lo que he dicho no es el mismo. Tu presencia hoy es una nube que parte y no me llega. There was a time when men were kind When their voices were soft And their words inviting. There was a time when love was blind And the world was a song And the song was exciting. There was a time ... then it all went wrong I dreamed a dream in time gone by When hopes were high and life worth living, I dreamed that love would never die I dreamed that God would be forgiving. That I was young and unafraid, When dreams were made and used and wasted. There was no ransom to be payed, No song unsung, no wine untasted. But the tigers come at night, With their voices soft as thunder, As they tear your hope apart As they turn your dreams to shame He slept a summer by my side. He filled my days with endless wonder, He took my childhood in h...

For me to You

Uma amiga que demoro a ver e no meu coração mora. Uma moça magrinha que não engorda porque pensa que a vida vai lhe empurrar do trem se ela aumentar um grama, se ela der um passo maior do que suas pernas. Ela é jovem e tem aquela ilusão própria dos jovens de que tudo é para sempre, que ela já viveu tudo que tinha a viver e mais nada. Ela é inteligente, professora competente, mas nisso ela não sabe é de nada. Ela não sabe, por exemplo, que a vida é um moinho, mas a velocidade da roda que faz a água girar depende muito de nós, da nossa vontade, do nosso querer. Ela precisa aprender que de teimoso também se vive. Quando se vive por teimosia, é possível engolir um leão por dia, atravessar o chão pisando em brasas. É claro que se chora, que se sofre. Ninguém é completamente imune às coisas assim tão duras, tão quentes. E daí? Será que não podemos levantar a cabeça e olhar para àquele leão e desafiá-lo? Venha, venha me pegar, você pensa que sou fraca? Sou não, bicho, o que você tá vendo é só...

Fermento

Não parecia, mas era. Era bruxa. Não das antigas com vassoura e balde e corvos sobre os ombros. Das modernas, aliás bem modernas. Tinha uma namorada. É verdade que a namorada não valia nada, só queria o bem estar proporcionado pelo dinheiro, mas tava ali toda noite lhe dando uma costela quente. Nem sempre o algo mais. Tinha 60 anos, aparência de 50 depois de algumas correções estéticas, aposentada por órgão federal depois de muito trabalho e algumas bruxarias. Viagem anual à Europa, banho de civilização e guarda-roupa renovado nas calles espanholas e piazzas italianas. Quando necessário, usava alguns truques sem que os outros percebessem. Era uma fera na arte da dissimulação. A namorada era o alvo preferido. Freqüentava o mesmo bar há anos, embora de restaurante tivesse mais opções, porque era adepta da boa mesa. E era no bar onde as brigas sempre começavam. Bastava um olhar atravessado, um sorriso mais gentil para que os demônios lhe cutucassem disparando suspeitas em volta da pobre m...

No interior do interior

Macabéia é um dos personagens mais singulares da Literatura Brasileira. A moça que vem do interior para a cidade grande na tentativa de realizar grandes sonhos. Grandes sonhos não significam a mesma coisa para todo mundo. Os de Macabéia são basicamente encontrar o grande amor e ser feliz para sempre, mesmo que essa felicidade seja com um cara simplório, que fala difícil sobre parafuso e sonha ser deputado. O sonho de Macabéia acaba abruptamente sob as rodas de um carro, justo quando ela saía da casa de uma cartomante que lhe predissera um futuro brilhante. Não lembro detalhes do livro, não o tenho aqui, mas em linhas gerais a narrativa se concentra em uma moça simples com uma vida monótona, que ouve rádio à noite depois de um dia repetitivo de tarefas em um escritório. Todos nós conhecemos alguma Macabéia, aquela pessoa que sai do interior, mas não consegue tirar o interior de dentro de si. O desafio da cidade grande não é suficiente para lhe encorajar a vencer limites, buscando um aut...

Palavras, ó palavras

Esta é uma máxima contida no livro Ilusões de Richard Bach que li há 31 anos atrás. Pode? Tenho um tempo enorme de palavras a me perseguir! O livro é uma espécie de Pequeno Príncipe , uma estória contada por um camarada que gosta de voar e um dia encontra um outro camarada que lhe dá alguns ensinamentos a conta gota para melhor encarar a vida. Pode-se dizer que o livro foi o precursor de tantos da linha auto-ajuda, os Paulo Coelhos & Cia ilimitada. Gostei do livro à época e não posso negar que me ajudou bastante e às vezes ainda me pego repetindo alguns dos seus conselhos, mesmo que a vida vá nos mostrando que determinados aforismos não são tão certos, quer dizer, nem sempre servem quando chega a hora de a onça beber água. Como metáfora, é um exemplo ímpar de escrever para a multidão sedenta de palavras bonitas a serem gastas em conversa de bar. O livro é semelhante aos inúmeros otimismos em gotas que tanto sucesso ainda fazem. O diferencial é que há uma preocupação em incutir n...

Uma ROSA é uma rosa

Quando a conheci, tinha o cabelo penteado de modo casual para parecer despenteado, não muito longo, de uma cor que hoje não sei mais precisar. Possivelmente louro, mas não o convencional para se associar à famigerada fama de loura burra. De burra não tinha nada; aliás, não tem. Era abril de 1991 e sua chegada provocou um verdadeiro terremoto em um lugar acostumado à mesmice, onde quem tinha muitos anos de trabalho se vangloriava do tempo, do amor pelo lugar, mas preferia que nada fosse alterado. Alterar era questionar, inquietar-se, possivelmente trabalhar mais. Incisiva, não demorou a anunciar a que tinha ido. Não estava ali pelos seus belos olhos claros, mas para colocar em prática suas idéias sobre o que seria uma educação de qualidade. Tinha em si uma força e uma coragem ímpares, embora em alguns momentos parecesse desiludida com a natureza humana, com os discursos distanciados da prática. Contudo, não perdia os rumos. Cautelosa, observou o espaço, as pessoas, dando-lhes tempo para...

Lição de casa

Vinte e cinco anos passei trabalhando em um mesmo lugar, na mesma escola. Para ser exata, foram 9.484 dias de serviço, segundo está escrito na placa que a mim foi dada pela atual direção da Escola, quando de lá saí. Passei metade da minha vida na Escola Mun. Iapissara Aguiar. Saí da escola há dois anos e a escola ainda não saiu de mim. Não sei se algum dia sairá. Acho que não. Acho que ela sairá de mim quando em mim não restar memórias e ainda assim temo que ela será uma das lembranças que se misturarão ao turbilhão de imagens provocado pela velhice. Eu espero envelhecer. Escrevo isso hoje, porque fui na página do Orkut de uma aluna que hoje aniversaria e em uma das fotos em seu álbum ela está com uns colegas sentada sobre a mesa do refeitório, os pés sobre o banco, um colega sentado adequadamente no banco. E lágrimas me vieram quando li a legenda posta na foto: saudades. Ela sente saudades dos colegas e do tempo que passou lá naquela escola. Eu também. Não sei se o que me faz sentir ...

Gira mundo

Ao acessar hoje a página da UOL, deparo-me com as fotos dando conta que os israelenses pararam durante dois minutos em respeito aos seis milhões de judeus mortos durante a Segunda Guerra. É o dia da Shoah. Então, lembrei-me de dois livros lidos há pouco tempo, os dois transformados em filmes, embora só tenha assistido a um deles até agora. Vi O leitor e espero ver O Menino do Pijama Listrado. Ambos abordam o lado germânico da questão sob prismas diferentes. O primeiro no contacto que um adolescente alemão tem com uma mulher mais velha que ele, de quem se torna amante, e que anos depois a vê sentada no banco dos réus como ex-guarda da SS, acusada de participar da morte de várias mulheres judias, presas durante um incêndio em uma igreja. No segundo, um relato emocionante, ingênuo de um garoto, cujo pai leva toda a família para um campo de concentração, analogia a Auschwitz, pelo som do nome, onde será o comandante. Pela janela do quarto, o garoto vê os prisioneiros com seus uniformes lis...

Inefável

"Não te doas do meu silêncio. Estou cansado de todas as palavras: - Não sabes que te amo? Pousa a mão na minha testa. Captarás numa palpitação inefável O sentido da única palavra essencial - Amor." Esse é um dos poucos poemas que sei de cor, pois há muitos anos dele me utilizei para dar uma aula. E lia nele pela primeira vez a palavra inefável , tão desconhecida que fui em busca do dicionário para decifrá-la. Desde então, o poema de Manuel Bandeira sintetiza pra mim muitas coisas que há na vida, entre elas o amor sentido e tão difícil de ser expresso por palavras. Ser inefável bastaria para designar o amor, mas teimamos em desvendá-lo, como se palavras postas no papel ou ditas – às vezes até mal ditas! – a alguém pudessem ser mais precisas do que o sentimento em si. Da mesma forma que erramos quando muito falamos, podemos errar ao ficar calados. Para o amor não deveriam existir palavras, nem mal entendidos, silêncios carregados, choros desesperados ou arrependidos. Ao amor ...

ATéIA

A cada batida do coração o homem pensa que ama (se o amor não existisse o que seria do homem?). A cada lágrima que do rosto cai o homem diz que sofre (se o sofrimento não existisse o que se daria ao homem?). A cada abraço apertado imagina o homem a amizade (se não se fizessem amigos o que se faria do homem?). A cada palavra pronunciada finge o homem revelar-se (se não houvesse palavras que significado teria o homem?). E formou-se uma teia ao redor de todo o homem tornando-o ao mesmo tempo viajante e fugitivo no mundo. Imagem by Arlindo Fernandez .

Any word

Quando penso em escrever nunca sei sobre o que será. Sento-me e deixo que as palavras apareçam sob as pontas dos meus dedos passeando no teclado. O pensamento anda tão mais rápido que as mãos, que troco letras, deleto e assim vai se formando um texto. Já perdi muitos devido a problemas com o computador. Outros apaguei na primeira leitura por achá-los bestas, idiotas, eruditos, incompreensíveis, evasivos ou até mesmo invasivos, mostrando o que não quero revelar. Muitos rasguei depois de anos por não combinarem mais com quem sou. Acho que escrever é um espírito que se põe bem aqui ao meu lado e me faz dedilhar um piano sem som – que tipo de espírito não sei, não sei nem mesmo se todas as vezes – ou se alguma vez! – sou eu mesma. Como professora de Português, há uma preocupação de construir o período certo, a concordância limpa, as palavras claras e objetivas. Pecado mortal para quem escreve querer ser claro e objetivo, porque quanto mais as mãos dedilham, mas a cabeça acende trazendo pa...

Vivir Morir

Atear fogo às palavras, mentir atear fogo ao sentimentos, anestesiar-se atear fogo à vida, fugir sumir por entre fumaças saudades atear fogo ao fogo, consumir-se deixar brasas pelos cantos atear fogo à voz, negar-se atear fogo à angústia, gritar sem bombeiro sem água adiar os incêndios atear fogo à alma, morrer atear fogo à lembrança, chorar atear fogo a si mesmo, anular-se rastros de chamas pela vida entre o atear e o apagar, viver.

Perhaps

Pode ser meio assim meio assado mal passado um simples acaso ocaso incêndio ocasional água enchente percalço acidente via sem acesso acesso de loucura. Pode ser assim meio sem jeito disfarçado de lado campo minado meia circunferência linha meridiana tangente diagonal descalço terra quente fogo feito cinza verão outonal. E assim pode ser meio assim volta e meia volto já.

Ângulos

Olhar de frente o furo que se fez na alma olhar de costas a mancha que ficou da mágoa olhar de lado a incerteza que desviou os passos olhar de cima o rastro que se perdeu no tempo olhar de baixo a fé que sobreviveu a tudo e recomeçar.

Adiamento de vida

Era uma vez uma menina e o seu maior sonho era aos dezoito anos sair de casa, ter sua própria casa, seu carro, tudo isso à custa de um belo e grandioso emprego. Não pensava em casar e isso torturava sua mãe, para quem filha minha só sai de casa casada. Na festa dos seus quinze anos, entre tantos presentes, ganhou um relógio que usou por pouco tempo. Ser controlada pelo tempo não era seu forte. Até hoje é extremamente impontual, odeia rotina e o antigo relógio repousa na caixa original como uma lembrança de uma festa que tinha tudo pra dá errado. E deu. O vestido rosa apertava-lhe o busto, a saia rodada não era nada do que tinha imaginado. A maquilagem que lhe foi feita serviu muito bem para esconder as lágrimas que durante todo o dia brigaram com a mãe na tentativa de convencer-lhe que a festa era dela, ela tinha o direito de resolver como fazer. Não teve. Passado o trauma, quando conseguiu o primeiro emprego comprou uma televisão e a transportou de ônibus para casa. Era um troféu car...

CansAÇO

Joga o sapato e se perde. O cansaço impregna até o ar que respira. A toalha molhada enxuga-lhe o corpo aquecendo as lágrimas que durante todo o dia conteve. Nua e descalça estira a alma na cama. Fecha os olhos, abrindo-se para um mar calmo, nuvens ao longe, gaivotas pousando sobre um passadiço de navio que somente sua imaginação vê. Besteira. De repente, sobressaltada, pula da cama. Abre a bolsa, tira a chave. Abre a vida e se joga. *************************************************** É obrigado a parar no sinal. Impacienta-se porque não vê carro nenhum no cruzamento, apenas a presença da câmara o impede de continuar. Um carro prateado para ao seu lado. Percebe uma mulher na direção e tem a impressão de ver asas. O sinal não abre, escuta o bater de uma porta e estranha. Olhando em direção ao carro de antes, não encontra mulher alguma. Tenta olhar em todas as direções, mas o cinto de segurança impede-lhe os movimentos. Vira-se e destrava o cinto no mesmo instante em que o sinal a...

Tchau, boy.

Uma criança é assim como essa música que toca ao abrir essa página: mansa, suave, gradativamente ativa, cheia de vida, transmitindo beleza que não sabemos definir. Nada é mais esperaçoso e belo do que ver uma criança crescer. A vida ali é só ruído, magia, presença de Deus em sua grande sabedoria. Sabedoria que não temos. Se a tivéssemos, entenderíamos por que Rodrigo se foi. Rodrigo que daqui a alguns anos seria o doutor Rodrigo César, mas no domingo passado tinha apenas dois anos e 6 meses. O Rodrigo pra mim será sempre o boy, pois assim o tratavam as colegas de sua mãe. Não tive muito contato com ele, mas durante um tempo o via quase toda semana num belo pôster em frente de uma loja especializada em fotos no maior shopping da cidade. Na fotografia ele olhava embevecido, sorridente para quem o fotografava. Certamente sua mãe. Era filho adotivo, mas podia declarar sem medo de errar uma só vírgula que era filho do amor de seus pais, que o desejaram tanto, tanto que após se saberem impos...