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Mostrando postagens de julho, 2011

Vidraça

Tenho olhos de cristais lamparinas ambulantes pelo teu corpo onde repouso mãos cansadas ávidas de paz. Tenho lábios de metais aços forjados em tua sede na qual umedeço meus dias repletos de cais. Tenho costas de perfumes frascos embebidos em gotas onde fragmento minhas noites acalentadas de ais.

First love

Matheus é apaixonado por Maria. Arriado os quatro pneus e tudo o mais que se pensa de uma paixão. Maria sabe, mas finge que não percebe, ela não pode fazê-lo acreditar que ele é único, especial. É atenciosa com Matheus, puxa conversa daqui, dali e Matheus vai se revelando. Cada dia inventa assunto para se exibir diante da musa. Pra ele a vida é injusta, é o que costuma dizer. Como pode Maria não querer somente a ele? Ele fica desolado com a situação. A paixão de Matheus é tanta que a raiva lhe sobe à cabeça quando Maria dá atenção a outros – seja quem for. Chora, esperneia, pergunta se Maria o ama. No período em que Maria ficou de férias, ele não se conformava que iria ficar duas semanas sem vê-la. Não era justo! O jeito era se virar com os jogos do seu time, torcendo para que ele não perdesse e fosse rebaixado de divisão. Matheus sabe que Maria tem namorado, mas não o conhece. Até já perguntou se os dois moram juntos e ao receber um não como resposta, disse que não entendia, porque na...

Licença

"Eu quero uma licença de dormir, perdão pra descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espécies, a graça de um estado. Semente. Muito mais que raízes." - Adélia Prado.

Lâmina de ViveR

O pessoal de publicidade é muito criativo ou muito louco - ou ambos. É inegável, no entanto, a visão que se tem sobre a tirania dos baixinhos: crianças à mercê dos pais, querendo que suas vontades prevalençam sobre tudo - o mais grave, sobre todos. O comercial - desconsiderem o título, pois não é o melhor comercial do ano de 2010 - para vender a velha gilette, usa a supremacia da criança sobre o adulto, embora a visão seja muito hollywodiana. Mesmo assim, não se pode deixar de observar que há uma certa apologia à violência para que através dela se consiga o amor da mãe. O complexo de Édipo aí é tão explícito que se chega a sentir pena do pobre pai. Pobres pais, pobres crianças! Pobres de todos nós que vivemos em uma sociedade que para vender lâmina de barbear apela para um mundo no qual a pele dos bebês era tão suave, que a mãe esquecia o marido e este, raivoso, ciumento, descobre a lâmina de barbear que deixará sua pele tão suave quanto a do filho que a esposa acaricia. Aí, é macho ...