Mesmo cansada, quando cheguei à noite, liguei o televisor na tentativa de ver alguma notícia nos últimos telejornais. E ouvi o apresentador anunciar que em documento intitulado Sacramentum Caritatis (O Sacramento do Amor) o Papa Bento XVI sugere aos padres que voltem a rezar as missas em latim; que o canto gregoriano volte a ser entoado nas igrejas; que o casamento de divorciados é uma praga e que políticos católicos fiquem atentos para a não aprovação de leis liberais que atentem contra a família e a vida (traduzindo: não aprovem leis a favor de casamentos homossexuais, a eutanásia, o aborto); que os padres evitem a confissão comunitária, que o momento de confraternização na hora da missa, aquele que todo mundo se abraça e deseja paz, não seja longo provocando distração e que os padres cuidem esteticamente das igrejas, isto é, limpem direitinho os altares e os santos. Amém. Religião é uma coisa complicada e quem tem bom senso não a discute. O que seguirei aqui. Depois que inventaram ...
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS