
Será que você vê, por exemplo, nosso ouvido interno, o chamado labirinto, aquele tal cuja inflamação provoca tonturas? Talvez você veja um focinho de porco, um olho deformado, um cogumelo gigante cheio de tentáculos. Você pode não vê nada disso ou ainda vê o que ninguém mais verá. Preste atenção mais uma vez. Force sua vista e tente ver o que eu mencionei.
Você tem olhado para a vida ultimamente? Não a sua. A vida de todos nós, essa que está nos circundando, enlouquecida numa cantiga ao nosso redor? Se tem, há de lembrar-se o quanto essa circunavegação diária tem nos feito aportar em lugares sombrios, quanto das roupas que as pessoas estão usando na roda estão encardidas, impregnadas de tristeza, de crueldade, de pessimismo, de dor.
A vida se tornou surrealista tal qual essa figura acima. Olhamos, olhamos e não vemos nada. E não vemos nada por que cada um de nós está fazendo a sua própria leitura, cada um de nós está tentando, às vezes forçando, que o outro veja aquilo que estamos vendo, jurando que aquele amarelo bem ali é azul.
Estamos como cachorro em mês de agosto, que, segundo a lenda, é o mês de cachorro doido. Estamos loucos, agoniados pela barbárie que assolou nossas cidades atacando crianças e jovens, adultos e idosos, tudo quanto é gente, porque este tempo em que vivemos é um tempo partido, "tempo de homens partidos. (...) As leis não bastam. Os lírios não nascem/ da lei. Meu nome é tumulto, escreve-se/ na pedra." (Drummond).
Comentários
Um abração.
Fátima Mota
Ficar alheio e omitir-se não é a opção mais adequada, mas, de alguma forma, nos "protege". Ou pelo menos nos dá uma falsa ilusão...
Faço a minha parte, evitando contribuir para o grande caos em que se transformou este nosso mundo, essa nossa vida louca...