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Mostrando postagens de agosto, 2007

AMARelinha

Desenhado a giz na calçada o jogo da amarelinha escancara a palavra céu. Suas pernas pulam casa por casa movimentando em harmonia o corpo no jogar/pegar a pedra. O sol se reflete no concreto secando o chão da chuva. Ao seu lado, as colegas esperam a vez de jogar. A calçada é sua. Naquela rua de pedras e buracos com canteiros de lixo, sua casa é das poucas que tem calçada, trabalho do pai pedreiro. Sobre ela reúnem-se diariamente as amigas após o horário escolar. O giz amarelo, tirado da caixa da professora, amplia a mágica no desejo de ganhar o céu. Ali, pular leva ao céu; cair, ao inferno, palavra riscada com o giz vermelho tirado da mesma caixa. Tem oito anos e o mundo é todo seu. Escuta todo dia em casa que a vida não é fácil. O significado só pode ser porque se tem pouco dinheiro, o pai nem sempre tem trabalho e a roupa que a mãe lava das donas lá do outro bairro cada dia fica menos, porque parece que as senhoras não têm mais dinheiro pra pagar e outras não confiam em lavadeiras e ...

Pé de jurema

É um homem vazio. Depois de um sono inquieto, esse é o primeiro pensamento que vem à cabeça de Paulo: sou um homem oco, perdido. Isso o faz rir, pois se lembra imediatamente do verso "eu sou aquele amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores" da música de Roberto Carlos, modelo que sonhava seguir. No meio do sorriso, uma tristeza lhe invade a alma. Uma saudade que insiste em invadir-lhe o coração turva os olhos, e deseja nessa tarde chuvosa ficar à deriva na cama, lembrando um passado, coisas que poderiam ter sido. Levanta-se, e a água fria do chuveiro alivia um pouco a sensação de peso. Sabe que tem de ir. Os colegas o esperam para uma noite de sábado. Não pode escolher uma roupa qualquer, por isso quantas tire do armário, quantas coloca sobre a cama, desprezando a combinação de cores, tentando visualizar o melhor efeito. Homem vazio. A idéia fica martelando em sua cabeça. O vazio se instalou desde aquele longínquo dia quando aos doze anos saiu de casa levando a po...

Turn, turn, turn

To everything - turn, turn, turn/ There is a season - turn, turn, turn And a time for every purpose under heaven A time to be born, a time to die/ A time to plant, a time to reap A time to kill, a time to heal/ A time to laugh, a time to weep To everything - turn, turn, turn/ There is a season - turn, turn, turn And a time for every purpose under heaven A time to build up, a time to break down/ A time to dance, a time to mourn A time to cast away stones/ A time to gather stones together To everything - turn, turn, turn/ There is a season - turn, turn, turn And a time for every purpose under heaven A time of war, a time of peace/ A time of love, a time of hate A time you may embrace/ A time to refrain from embracing To everything - turn, turn, turn/ There is a season - turn, turn, turn And a time for every purpose under heaven A time to gain, a time to lose/ A time to rend, a time to sew A time to love, a time to hate/ A time of peace, I swear it's not too late! O texto é uma música...