A TV repete a novela Eita, Mundo bom! Nela, o jargão é que tudo que acontece de ruim é para melhorar. Será ou apenas uma lição à la Pollyana? Não sei. Poucas certezas temos na vida. As certezas não são mais duradouras, têm o tempo de um click. Na verdade, nunca foram, mas insistimos que eram, que podíamos planejar a vida até uns 80 anos. Depois disso, era lucro. Ainda é lucro. A diferença é que as mudanças hoje são vertiginosas. Não só nos aparatos tecnológicos, nas Ciências. Em nossa vida. Se pensamos planejar a longo prazo, corremos o risco de estatelar no chão diante de um imprevisto que muda tudo. Se não planejamos, também cairemos ao chão porque a grande surpresa, o completamente inesperado tem a capacidade de nos derrubar e nos pôr na dificuldade de se erguer. Entre pensar, planejar ou nada, a vida não pede licença. Apenas segue. E com ela, vamos. Não há outra alternativa a não ser ir. Quer dizer, há outra forma. Interrompê-la deliberadamente. Aí, é...
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS