O discurso recorrente é que pós-pandemia a humanidade terá
aprendido uma grande lição, que seremos muito mais solidários, humanos,
dispostos a exercitar mais a empatia e a solidariedade.
O que as pandemias já ensinaram são medidas de saúde que devem ser tomadas tão logo haja indícios de um novo
vírus, avanço nas ciências para criar formas de combate, invenção de vacinas e
descobertas para outras doenças, como consequências das pesquisas originais.
Em relação ao comportamento social e moral das pessoas,
pouco provável que haja uma alteração tão marcante. É quase unânime a afirmação
de pesquisadores comportamentais e historiadores. Depois da pandemia passada,
as pessoas tendem a andar como sempre andaram: não se cuida do meio ambiente, o consumismo impera, como também a hipocrisia, os arrogantes continuam arrogantes,
pisando quem acha que podem, “farinha pouca, meu pirão primeiro”!
A historiadora Joana Monteleone, no site Brasil de Fato, registra: “Uma das coisas estranhas da pandemia de Gripe Espanhola no mundo foi
seu, digamos, “desaparecimento social” assim que a epidemia arrefeceu. Foi como
se ela nunca tivesse existido. As pessoas continuaram com suas vidas, evitando
lembrar dos dias de horror por que haviam passado.”
No livro Metrópole à beira-mar, Ruy Castro diz que em 1918, referindo-se à Gripe Espanhola, “No
começo, o carioca ainda brincou, atribuindo a doença a uma arma secreta dos alemães,
embutida nas salsichas.” E assim que se viu a pandemia arrefecer, “quem
sobreviveu não perderia por nada aquele Carnaval (o de 1919).” Antes como agora, durante ou após o surto crítico, necessário comemorar a vida por meio de festas grandiosas, churrascos, cervejas bem geladas, mesmo que haja recomendação de distanciamento social. Afinal, não foi nem será uma gripezinha que derrubará o glorioso Povo Brasileiro, que tem a Pátria acima de tudo.
Se a humanidade fosse se tornar melhor, não teríamos venda
de respiradores danificados, não teríamos gente falsificando álcool gel,
tampouco aumento exorbitante de produtos essenciais, não teríamos pessoas sem
necessidade recebendo os R$ 600 do Governo, não teríamos gente cobrando para
guardar lugar na fila, e tantos outros exemplos. O que não falta é exemplo de
todas as ordens dos que se aproveitam das calamidades, das crises para levar
vantagem.
Em relação aos cuidados para não propagação do vírus, as pessoas agem como se estivessem em plena Idade Média, não acreditam na Ciência, seguem um deus inventado e obedecem aos reis sem questionamentos. Uma idade da treva.
No Brasil, é possível que tenhamos um retorno às
atividades bem mais drástico, haja vista o que o ex-capitão tem feito, como tem
agido. Um país com um presidente assim, não precisava viver uma pandemia!
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