CORES À FRIDA KAHLO...
As segundas-feiras eram brancas. Hoje não se pode mais afirmar nem brancas nem pretas. Ou negras. A dor de cabeça, o pescoço torto de mal dormida noite, o trabalho a retornar.
As terças-feiras começavam a se colorir de forma indefinida. Indecisas não se resolviam a que cor aderir.
As quartas-feiras se pintavam de vermelho, roxo, violeta e saíam pelas ruas, entrando em becos e bares escuros à procura de outras cores mais amenas, menos alarmantes.
As quintas-feiras se vestiam de amarelo e de seus tons laranjas em uma tentativa de parecerem alegres, satisfeitas em pleno sol, embora fosse mais provável o desabamento de temporais cinzas e plúmbeos.
As sextas-feiras não se importavam com cores, vestiam e pintavam-se de qualquer cor porque a embalagem não lhes importava, o essencial era a forma que tomavam para percorrer os bailes, embebedarem-se em boêmias ocasionais e mal vistas antevendo a ressaca que viria.
Os sábados se dividiam em manhãs destinadas a obrigações domésticas e a tardes fugazes com amantes antigos, de antigas práticas, o jeito sem pudor de ser.
Os domingos vestiam a roupa da hipocrisia.
Semanas e meses se passavam sem qualquer variação. Anos se repetiam.
De repente, acabara a vida. Os dias eram de eterno feriado por baixo da terra.
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