A mão corta a escuridão do quarto no afastar da
cortina. A luz do poste lança sombras na parede. Sobre a cama uma indumentária
de cigana a contempla. Não sabe como chegara ali.
Sonho.
Como sempre
o relógio a acorda às 7 horas. E como de costume, pula da cama, termina de
acordar sob o chuveiro, veste-se apressada, come alguma coisa, toma duas
xícaras de café para acordar e sai. Não mais que 40 minutos se passara.
Faz a
maquiagem entre uma parada e outro nos sinais. Sons de buzina, freadas colaboram
para o seu despertar. Depois de 40 minutos entre carros, 20 minutos dando voltas no quarteirão em busca de
uma vaga, estaciona, desce do carro, bate a porta e caminha em direção ao
prédio.
Ao
atravessar a rua, percebe que está sem bolsa. Assustada, pensa que foi
assaltada, mas se dá conta que mal saíra do carro. Sem bolsa, o pensamento pula
para a chave. Onde deixara? Dentro da bolsa, dentro do carro.
Retorna.
Porta destravada, pois a chave ficara na bolsa. No banco do carona uma
indumentária de cigana a contempla. Não sabe como chegara ali.
Sonho?
Pega a bolsa,
sai, entra no prédio. Elevador. Sobe, para. Sai e entra no salão a esta altura cheio de
funcionários. Duas pessoas a abordam, perguntas sobre o andamento dos projetos,
anda, anda. Abre a porta da própria sala, bate a porta, entra, joga a bolsa.
Na cadeira
atrás da mesa uma indumentária de cigana a contempla. Não sabe como chegara ali.
A roupa lhe fita
como se convidando a vestir seu corpo. O busto drapejado de
contas brilhantes de vermelho, laranja, azul e amarelo sobre o tecido verde
parece lhe acenar em um convite ébrio.
Com frenesi,
vai se despindo. Tira a roupa da cadeira, veste, olha-se no espelho de parede
inteira ao lado da janela. Uma cigana lhe acena, sorri e sussurra ao seu ouvido.
Obediente,
abre a janela. Pula, voa.
É um voo de
nada, só 10 andares.
Sonho?
Comentários