Os
olhos se derramam pela paisagem. Até onde o mar alcança é só lágrima e
tristeza. Saudade marinheira.
Sob
os pés a areia lhe parece estranha, vontade de asas. No início, a ausência lhe
parecera temporária, tempo de uma estação. A da esperança. Ocupara-se tecendo a
teia que à noite era proteção contra os ventos à porta de casa.
Os
olhos se derramam pela paisagem. Até onde o sertão alcança é só mágoa e dor.
Saudade sertaneja.
Sob
as mãos o algodão lhe parece estranho, vontade de linho. No início, a ausência
lhe parecera eterna, tempo de uma vida. A da resignação. Ocupara-se guardando o
sol que à noite era esconderijo contra os desejos à beira da cama.
Os
olhos se derramam pela paisagem. Até onde a planície alcança é só desamparo e
solidão. Saudade invernal.
Sob
o rosto os vincos lhe parecem rudes, vontade de velhice. No início, a ausência
lhe parecera vaidade, tempo de uma fase. A da desilusão. Ocupara-se guardando o
ar que à noite era líquido contra o tempo escoando pelas mãos.
Os
olhos se derramam pela paisagem. Até onde o horizonte alcança é só cansaço e
fim. Saudade imortal.
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