sábado, janeiro 29

Música


Concentramo-nos tanto no trabalho que muitas vezes não sabemos apreciar o belo. O som da música que ameniza o cansaço, que compartilha. Um ouvindo, outro cantarolando baixinho, comentando uma época, lembrando um amor, uma vida.
Gostos são diferentes e é na diferença que crescemos. Nem sempre é fácil, mas hoje e sempre necessário se quisermos nos livrar da solidão.
Na guerra travada todos os dias qualquer coisa irrita, esmaga o peso sobre os ombros, arrebentando todas as cordas em que se transformaram os nervos. A custo seguramos o grito, a mão, o pontapé - se não físico, o verbal se dispara e alcança o alvo. Aberto ao ir, a volta nos alcança ainda em meio ao grito.
Esquecemos o essencial. Esquecemo-nos de nós mesmos e da compreensão para alcançar o outro tão igual a nós e ao mesmo tempo tão diferente. Esquecemos que o arco-íris é belo pelos seus matizes de cores, não pela igualdade. Desrespeitamos o outro, o gosto, a vida se tornando amarga por se fazer sozinha. Nessa ausência, castigamos a nós mesmos, somos deuses em estátuas de barro.
A música produz um momento mágico entre as pessoas. Através dela há comunhão, empatia. As dores podem ser divididas e suportadas; a beleza e a harmonia podem ser apreciadas em suas verdadeiras essências.
Ouço música para alimentar a alma, da mesma forma que leio para afugentar a dor. E tento. Tento aprender na indiferença, nas diferenças com uma única certeza: somos tão diferentes que nos tornamos iguais.

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