Tenho olhos de cristais lamparinas ambulantes pelo teu corpo onde repouso mãos cansadas ávidas de paz. Tenho lábios de metais aços forjados em tua sede na qual umedeço meus dias repletos de cais. Tenho costas de perfumes frascos embebidos em gotas onde fragmento minhas noites acalentadas de ais.
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. MANOEL DE BARROS