quarta-feira, maio 16

SiLÊncio




Será que aprendemos no silêncio - em silêncio? O que mais nos ensina: o falar ou o calar?
Muitas vezes calamos, quando a vontade é gritar; às vezes gritamos, quando deveríamos calar. Há também o resmungar, aquele som baixinho que fingimos ser para nós mesmos, mas é sempre direcionado a outrem.
Somos atávicos pelo falar, visto que nosso primeiro contacto com o mundo foi através de sons. Som do tapa na bunda para vir à vida, esgoelar-se de chorar, exatamente o segundo som ouvido.
Depois que aprendemos a falar, o poder da linguagem, desembestamos a falar e falamos sobre tudo. Sobre o que não conhecemos, sobre o que queremos saber, aquilo que sabemos e até mesmo julgamos saber. Falamos, falamos,...
A linguagem nos faz. Somos feitos de sons, vivemos arrodeados de sons em diferentes tons, diferentes volumes.
Ficar em silêncio é sempre um suplício. Para alguns isso é semelhante ao exílio do ser, deixa-se de existir.
Enquanto sadios, deveríamos ter o comedimento necessário para equilibrar o falar e o calar. Depois, passado o tempo, querendo falar, sejamos podados pelo silêncio intransponível.
E aí não terá mais som que resulte em sorriso.

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