sexta-feira, janeiro 18

PaisAGEM



Os olhos se derramam pela paisagem. Até onde o mar alcança é só lágrima e tristeza. Saudade marinheira.
Sob os pés a areia lhe parece estranha, vontade de asas. No início, a ausência lhe parecera temporária, tempo de uma estação. A da esperança. Ocupara-se tecendo a teia que à noite era proteção contra os ventos à porta de casa.
Os olhos se derramam pela paisagem. Até onde o sertão alcança é só mágoa e dor. Saudade sertaneja.
Sob as mãos o algodão lhe parece estranho, vontade de linho. No início, a ausência lhe parecera eterna, tempo de uma vida. A da resignação. Ocupara-se guardando o sol que à noite era esconderijo contra os desejos à beira da cama.
Os olhos se derramam pela paisagem. Até onde a planície alcança é só desamparo e solidão. Saudade invernal.
Sob o rosto os vincos lhe parecem rudes, vontade de velhice. No início, a ausência lhe parecera vaidade, tempo de uma fase. A da desilusão. Ocupara-se guardando o ar que à noite era líquido contra o tempo escoando pelas mãos.
Os olhos se derramam pela paisagem. Até onde o horizonte alcança é só cansaço e fim. Saudade imortal.

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