quinta-feira, maio 28

CansAÇO

Ontem não choveu. O tempo se preparou, murchou, preguiçoso, não deixou água correr.
O tempo.
Ontem apareceram notícias velhas, repetidas, a lei, fazendo-se de morta, morreu.
O tempo.
Ontem os beijos um tanto quanto salgados, distâncias que aumentam sem ruído algum.
O tempo.
Devemos parar de falar no tempo? Responsabilizá-lo pelo futuro, por um futuro melhor?
A chuva.
Se o tempo nunca para, invenção nossa, por que esperamos mudanças?
A lei.
Quando provocamos dor, dizemos o tempo cura. Cura?
A distância.
Tenho a alma povoada de cansaço, de impaciências.
Não me acostumo com a cegueira alheia, pois a mim basta a minha
voluntária.
Minha lucidez me apavora, inquieta e me tira o sono.
Se pudesse, sairia e daria um longo passeio nas cercanias
para ver como se sentem os irresponsáveis, os idólatras, os falsos profetas.
Voltaria a mim como eu mesma?
O tempo.
Roubariam de mim o que me faz diferente?
A lei.
Seria transformada nas crenças que tenho?
Amor.

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