sábado, maio 23

SeI LÁ

Hoje não tenho tempo.
Não tenho palavras: mudo
contemplo a vida que se arrasta pela varanda
mudo e não saio do lugar
impossibilidade de ruas, de trabalho.
Quando encontro as pessoas
não há abraços: mudo gesto
à parte, de longe com os olhos.
Hoje não tenho tempo.
Não tenho palavras: canto
acompanho o som e assobio
Céu de Santo Amaro, Venturini
como letra na Cantata de Bach.
Quando o ouvido vai por dentro
ouço cânticos e lágrimas
saudades.
Hoje não tenho tempo.
Não tenho palavras: vivo
em apenas um lugar
onde tenho um par
na divisão de gestos, alentos.

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